O Ministério Público Federal de Goiás (MPF) deu dez dias para que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a Secretaria de Saúde de Goiás se expliquem sobre a reclamação de municípios de que alguns frascos da Coronavac estão vindo com menos doses que o indicado. O Instituto Butantan, que fabrica a vacina, anunciou que vai revisar a bula.
O pedido é do chefe do MPF-GO, procurador Ailton Benedito, e foi expedido nesta terça-feira (27). Em alguns casos, essa perda chega a 20%. O padrão é retirar 10 doses de cada frasco.
Em nota, a Secretaria de Saúde de Goiás disse que ainda não foi notificada, mas destacou que não produz vacinas e que já recebe os imunizantes envasados e embalados. Afirmou ainda que é responsável somente por distribuir as doses aos municípios conforme os critérios técnicos estabelecidos.
A reportagem da TV Anhanguera entrou em contato com a Anvisa, por e-mail, mas ainda não obteve retorno. A agência havia dito em nota enviada em 12 de abril que "observou um aumento de queixas técnicas relacionadas à redução de volume nas ampolas da vacina" e que "estes relatos estão sendo investigados com prioridade pela área de fiscalização".
O G1 pediu um posicionamento ao Instituto Butantan na noite desta terça-feira, por e-mail, para saber se alguma medida já foi tomada.
O intuito da investigação do MPF é verificar o motivo de alguns frascos da Coronavac estarem sendo enviados aos estados com menos doses que o padrão, prejudicando a vacinação. De acordo com o Ministério Público Federal, cidades de Goiás e de outros 11 estados já identificaram este problema na quantidade de doses.
O pedido de apuração partiu do deputado federal de Goiás Elias Vaz (PSB), em 13 de abril, para identificar se o erro está na produção, no transporte ou na aplicação das vacinas.
"Esperamos que a investigação, tanto das doses a menos quanto de possíveis crimes na oferta da vacina a municípios, seja levada até o fim. Não se brinca com vidas. É preciso esclarecer o que está acontecendo e responsabilizar quem estiver envolvido nisso", destacou o parlamentar, em nota.
Os frascos são envasados, atualmente, com 5,7 ml de vacina. O profissional de saúde usa 0,5 ml para vacinar uma pessoa, o que deveria levar a uma sobra de 0,7 ml, o equivalente a uma dose extra. Mas em Goiânia, por exemplo, as equipes de vacinação já registraram a retirada de nove, oito e até sete doses.
Menos doses pelo Brasil
O problema foi levantado pelo Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Goiás (Cosems, inicialmente, no último dia 8 de abril. Goiânia, por exemplo, contabilizou mais de 4 mil doses perdidas.
Além das denúncias de cidades goianas, o problema também foi relatado em municípios de outros estados. No início do mês, Salvador informou que recebeu cerca de 21.400 frascos da vacina Coronavac com rendimento inferior ao descrito no rótulo. No Paraná, pelo menos sete prefeituras identificaram a mesma situação. A questão também foi registrada em algumas cidades do Tocantins.
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