
A intenção do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de migrar para o Patriota --partido nanico e com pouco acesso ao fundo partidário-- dividiu a base ideológica bolsonarista no Congresso e nos Estados.
De acordo com interlocutores, um grupo de parlamentares próximos ao presidente tem resistido a ingressar na nova sigla, temendo dificuldades em suas campanhas de reeleição em 2022.
O futuro partidário de Bolsonaro e de seus apoiadores foi discutido em reunião no Palácio da Alvorada, no final da tarde desta quinta.
Segundo pessoas que acompanharam o encontro, houve um impasse: alguns deputados disseram que acompanhariam Bolsonaro para o Patriota, enquanto outros apontaram obstáculos para seguir o mesmo caminho.
Os que planejam acompanhar Bolsonaro na transferência de partido apostam na associação ao nome de Bolsonaro para conquistar um novo mandato no Legislativo.
No encontro, Bolsonaro disse a seus aliados que pretende filiar-se ao Patriota tão logo seja solucionada uma disputa interna na agremiação. Mas afirmou que sua decisão não significa uma imposição para sua base parlamentar e que, independentemente da filiação, todos estariam juntos na corrida eleitoral do ano que vem.
O racha deve afetar também as bancadas nas assembleias estaduais, disse à reportagem um parlamentar que acompanhou a reunião.
Atualmente, a maioria da base ideológica bolsonarista está no PSL, sigla pela qual o presidente elegeu-se em 2018. No entanto, o mandatário rompeu com o comando do PSL ainda no final de 2019, justamente pelas dificuldades para controlar a estrutura partidária.
O receio levantado por parte da bancada é que, no ano que vem, serão necessários dinheiro e estrutura para disputar a reeleição. Eles argumentam que, caso saiam derrotados por falta de recursos, o prejudicado será Bolsonaro, que ficaria sem base num eventual segundo mandato.
Se em 2018 os bolsonaristas podiam se escorar na expectativa de êxito de um primeiro mandato de Bolsonaro, agora a situação é mais complexa. Eles lembram que terão que lidar com o desgaste de um governo com popularidade corroída e promessas não cumpridas, principalmente aquelas ligadas à agenda ideológica que os elegeu.
O grupo também avalia que o cenário é diferente do da última disputa, com um provável adversário --o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)-- mais competitivo do que Fernando Haddad (PT).
Diante disso, eles admitem que terão que fazer uma campanha mais profissional, o que exige um partido com condições de bancar a empreitada, como o PSL.
Soma-se a isso a falta de segurança no Patriota, que ainda não conseguiu pacificar sua guerra interna.
Durante convenção nacional do Patriota na segunda (14), o senador Flávio Bolsonaro (RJ), disse que, antes de decidir sobre eventual filiação ao partido, o presidente Jair Bolsonaro aguarda a sigla resolver questões internas. A legenda, porém, continua dividida.
O embate do Patriota coloca de lado opostos o presidente do partido, Adilson Barroso, e o vice-presidente, Ovasco Resende. A ala adversária de Adilson acusa o dirigente de atropelar o debate na Executiva Nacional e impor uma mudança no estatuto, que abre caminho para a acomodação do grupo de Bolsonaro.
Apesar da disputa interna, Flávio disse, pouco antes da reunião no Alvorada, que o Patriota ainda é forte candidato na disputa para abrigar o presidente na campanha à reeleição. "Isso não atrapalha; é coisa pequena. O Patriota tem tudo para ser um dos maiores partidos do Brasil com o presidente Bolsonaro filiado a ele", afirmou o senador à reportagem.
Nesta quarta, Resende convocou mais uma convenção da sigla, prevista para 24 de junho, para debater sanções a Adilson, mudanças no estatuto e deliberar sobre a possibilidade de o Patriota ter candidatura própria à Presidência da República em 2022.
"Eu tenho autoridade de dizer que está nula essa convocação. Estou fazendo hoje [quarta] o ato contra essa convenção irregular", informou Adilson.
A principal contestação da ala ligada ao vice-presidente da sigla é que a família de Bolsonaro e Adilson querem mudanças no estatuto do partido, mas não discutiram quais seriam as alterações, antes de aprová-las.
Em um dos pontos, o número de membros do diretório nacional do Patriota sobe de 32 vagas para mais de 100 integrantes. Com isso, pode haver um desequilíbrio de poder, já que a composição atual é dividida entre aliados de Adilson e do vice-presidente.
"Nenhum de nós é contra a vinda de Bolsonaro. Nosso grupo todo quer a vinda do presidente. Não concordamos com as atitudes do Adilson", disse o secretário-geral do Patriota, Jorcelino Braga.
Para Flávio, as desavenças poderiam ser resolvidas com diálogo.
"O Ovasco se optar por esta linha é um equívoco da parte dele. Nós queremos todos dentro do partido para crescermos juntos. Talvez ele não tenha tido ainda o tamanho da dimensão do projeto com a candidatura do presidente Bolsonaro, se for o caso, pelo Patriota", disse Flávio.
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