A fila por leitos de UTI para tratamento de casos graves de Covid-19 na rede estadual em Goiás chegou ao menor tamanho dos últimos 44 dias e segue em queda permanente desde que atingiu o pico de 384 pessoas esperando uma vaga no dia 23 de março. Na manhã desta quinta-feira (15), o Complexo Regulador Estadual (CRE) da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) registrava 59 pacientes de 35 municípios aguardando um leito.
A situação ainda é grave na busca por atendimento em leitos de UTI Covid. As solicitações diárias também caíram, mas em um nível considerado ainda alto, quando comparado aos dois primeiros meses do ano (veja quadro). Se em janeiro e fevereiro, a média diária de pedidos ficou entre 42 e 45, respectivamente, em março fechou com 79 pedidos/dia e em abril, até o dia 14, está em 60.
Por outro lado, se o CRE ficou 36 dias consecutivos sem atender mais de 50% destes pedidos em até 24 horas entre o fim de fevereiro e março, desde 31 de março em 10 dos 15 dias conseguiu superar este porcentual. Entretanto, ainda não é algo constante. No dia 10 de abril, por exemplo, das 72 pessoas que entraram na fila apenas 24 (33,3%) conseguiram atendimento em 24 horas.
O titular da SES-GO, Ismael Alexandrino, acredita que neste ritmo seja possível zerar a fila por vaga de UTI no fim da próxima semana e então começar a cair também a taxa de ocupação dos leitos existentes. Desde o fim de fevereiro a taxa segue acima de 90%, sendo que em meados de março chegou a ficar acima de 98%.
O último boletim divulgado nesta quinta-feira (15) apontava um índice de 91,6% de ocupação. Das 570 vagas existentes (um aumento de 40% em relação a 1º de março), 492 estavam ocupadas e 33 bloqueadas. No começo do mês passado, que foi o mais crítico da epidemia em Goiás, havia 407 leitos, 381 pessoas internadas e 9 bloqueados.
Nenhuma cidade tem mais de dez pessoas na fila por um leito de UTI na rede estadual, realidade comum até semana passada. Cidade Ocidental, Valparaíso de Goiás e Jataí são as com maior demanda, respectivamente com sete, cinco e quatro moradores aguardando vaga no último relatório divulgado.
Se atualmente há 35 cidades com pessoas na fila, houve momentos, como no dia 25 de março, em que havia mais de 100 municípios solicitando leitos, no caso específico foram 111.
Alexandrino credita a vários fatores a influência para a inflexão da curva a partir de 23 de março, mas destaca principalmente às medidas restritivas adotadas por parte das prefeituras e ao avanço da vacinação. Ele disse que três regiões se destacam na queda da demanda por internações: a Central, onde fica Goiânia, a Pirineus, onde estão Anápolis e Pirenópolis, e a Rio Vermelho, que abrange cidade de Goiás e Itaberaí.
“Anápolis fez um fechamento mais duro também e Goiânia ficou fechado até mais do que 14 dias”, disse o secretário, referindo-se ao intervalo de tempo necessário, segundo especialistas e autoridades sanitárias, para que um modelo de enfrentamento ao avanço do coronavírus tenha efeito nas curvas.
O titular da SES-GO destaca que vários indicadores estão apresentando queda significativa e sustentada, como a taxa de contágio e de contaminação, e lembra que os índices de internação geralmente demoram um pouco mais para reduzirem. “Está diminuindo gradativamente o número de pessoas que estão se contaminando, mas isso não refletiu ainda na taxa de ocupação porque o paciente com Covid-19 demora a ter o desfecho clínico dele, demora às vezes mais até de 20 dias.”
A demanda por novos leitos segue previsão feita pelo secretário na primeira quinzena de março, quando ele disse que a pior semana seria a segunda do mês passado, mas que a partir da terceira haveria o começo da redução e que o mês de abril seria marcado por uma estabilização em um patamar ainda considerado alto. A média de 63 pedidos/dia verificada nas últimas duas semanas é maior do que todo o período intermediário entre a primeira e a segunda onda da epidemia em Goiás.
Apesar da queda na pressão dos municípios por leitos nos hospitais de campanha ou conveniados com o governo estadual, a média de solicitações em abril só fica abaixo dos meses considerados mais críticos: março de 2021, na segunda onda, e julho, agosto e setembro de 2020 na primeira. Além disso, o tempo médio de internação dos pacientes atualmente é maior do que no ano passado.
Para Alexandrino, a flexibilização das atividades comerciais e de serviços não-essenciais nas maiores cidades nesta semana não deve representar um grande risco para o recrudescimento da epidemia no Estado, pois, segundo ele, o aumento do total de pessoas vacinadas e a queda sustentada dos indicadores como a taxa de contágio e de internação acabam “contrabalanceando”, nas palavras do titular da SES-GO, com o impacto que a “abertura com restrições” pode trazer.
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