O aumento de casos confirmados de coronavírus (Sars-CoV-2) já é realidade em algumas cidades do interior de Goiás. Em pelo menos quatro delas, as prefeituras criaram novos decretos com algum tipo de medida restritiva para tentar conter a disseminação do vírus. As medidas variam e vão desde o fechamento de um ponto turístico até o toque de recolher.
As estatísticas oficiais ainda não indicam um novo aumento de casos confirmados no Estado. No entanto, há atraso nesse tipo de notificação. Já os números de notificações de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) em Goiás pararam de cair na semana passada, o que pode antecipar um aumento, segundo boletim da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
O aumento da ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no último fim de semana em hospitais de campanha acendeu um alerta da Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO) para o risco de uma terceira onda ou repique da segunda onda da pandemia, já que gestores da Saúde estadual consideram que essa segunda onda ainda não acabou.
Em Varjão, na região Centro-Sul de Goiás, houve uma disparada de novos casos de coronavírus. A cidade de apenas 3,8 mil habitantes, tinha 114 pessoas com a Covid-19 diagnosticada e em fase de transmissão, na última segunda-feira (24), segundo boletim municipal. No começo do mês eram apenas 15. Isso significa que de cada 100 moradores, três estão contaminados.
A prefeitura de Varjão restringiu o funcionamento de uma série de atividades, na semana passada. O novo decreto determina a suspensão de atividades em igrejas, clubes, academias e salões de festas. Comércios considerados não essenciais devem ficar de portas abertas apenas nos dias de semana até as 18 horas, com lotação máxima de cinco pessoas por estabelecimento. Restaurantes e lanchonetes só devem funcionar por delivery. No dia em que o decreto foi publicado, comerciantes da cidade fizeram um protesto na porta da casa do prefeito Rafael Pereira (DEM).
Nas cidades turísticas de Goiás e Alto Paraíso também houve decretos municipais com fechamento de comércio após aumento de casos confirmados. Em Goiás o aumento foi de 28 contaminados ativos no início do mês para 143 e houve ocupação máxima dos leitos de UTI destinados para pacientes com a Covid-19. A prefeitura decretou toque de recolher e outras medidas restritivas (veja o quadro).
Alto Paraíso foi de 14 casos ativos no fim de abril para 47 na última semana de maio. O novo decreto limita a capacidade máxima de clientes em comércios, academias, pousadas, igrejas e restaurantes. Música ao vivo só pode com voz e violão. Bebida alcoólica só até as 22 horas.
Já no caso de Minaçu, a prefeitura determinou o fechamento da Praia do Sol, principal ponto turístico da cidade que seria local de aglomeração, depois que houve aumento de casos no mês de maio. O prefeito Carlos Lereia (PSDB) diz que pode ter mais medidas restritivas, caso uma comissão formada por entidades e profissionais da Saúde entenda como necessário.
“Se tiver aumento considerável, pode ter certeza que estaremos tomando as medidas. Não tenho nenhuma preocupação com questão de popularidade. O que não posso deixar é que a gente corra risco de mais contaminados, sabendo da dificuldade da saúde pública no atendimento às pessoas”, declarou.
Em entrevista para a rádio CBN Goiânia, a superintendente de Vigilância Epidemiológica da SES-GO diz que estão sendo avaliadas medidas para conter a disseminação da nova variante indiana do coronavírus. “Qualquer alteração no comportamento (da população) que facilite a transmissão causa o aumento de casos e vai causar também o aumento de internação e depois, infelizmente, aumento de óbitos”, diz Flúvia Amorim.
Jaraguá tem aumento de casos de Covid
O aumento de casos de coronavírus não é só nessas quatro cidades levantadas pela reportagem. Outras localidades também registraram aumento, mas não criaram novas medidas de restrição. Este é o caso de Jaraguá, que está com 153 infectados, mas tinha 57 no começo do mês. O número ainda não se compara com os registrados nas semanas anteriores ao pico de mortes.
O secretário municipal de Saúde, Wander Belo, diz que o município tem acompanhado de perto a situação, realizando a testagem, monitoramento e isolamento dos casos identificados, além de medidas de prevenção e vacinação. Ele avalia que embora não haja novo decreto, as regras na cidade são mais rígidas se comparadas às de outros locais. “Já foi permitido em outros municípios eventos com até 150 pessoas, coisa que a gente ainda não tem esse entendimento.”
A capital Goiânia permite eventos sociais, como casamentos, com até 150 pessoas. Um novo decreto desta nesta terça-feira (25) mantém as regras de flexibilização na capital até 1º de junho. De acordo com a TV Anhanguera, o prefeito Rogério Cruz (Republicanos) estaria preocupado com os indicadores e deve reavaliar a situação.
O presidente Jair Bolsonaro (Sem partido) é contrário a qualquer tipo de medida de restrição de circulação de pessoas para diminuir a disseminação da Covid-19. O governo estadual chegou a tentar implementar medidas para impedir a circulação do vírus. Uma Lei Seca em janeiro, orientações de restrição por região em fevereiro e o revezamento 14 por 14 em março. Apenas a orientação por região, o chamado mapa de calor, continua a valer atualmente, embora não seja seguido pelos municípios.
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