Com uma recente diminuição de mortes pela pandemia da Covid-19, caiu o número de brasileiros que acreditam que a situação da maior crise sanitária em um século está fora de controle, e cresceu a parcela dos que acreditam que está em parte controlada, mostra pesquisa Datafolha.
A taxa dos que acreditavam que a situação estava fora de controle foi de 62% em janeiro para 79% em março e agora regrediu para 53%, o menor índice do ano.
Por outro lado, os que diziam que a pandemia estava em parte controlada foram de 33% em janeiro para 18% em março e subiu para 42% agora.
Essa percepção acompanha a evolução de mortes pela doença. Quando a pergunta foi feita em janeiro, morriam cerca de 1.000 pessoas em média por dia, momento em que a pandemia voltou a acelerar após cair no segundo semestre do ano passado. Já em março, essa média se aproximava de 2.000 mortes por dia.
Esse número disparou e chegou a uma média de 3.125 mortes por dia em abril, até voltar a cair para algo próximo de 2.000 nos dias em que a pergunta foi feita.
Essa regressão ajuda a explicar a percepção de que a situação está melhor, ainda que o número de mortos seja o dobro do que o país viu nos piores momentos da pandemia no ano passado.
Além disso, de janeiro para cá também avançou a vacinação contra a doença no país, e hoje quase 25% dos brasileiros acima dos 18 anos tomaram ao menos uma dose da vacina --ainda que para 70% dos brasileiros o ritmo da vacinação esteja mais lento do que deveria.
Para o levantamento, o Datafolha realizou 2.071 entrevistas presenciais, nos dias 11 e 12 de maio, em 146 municípios, com brasileiros de 16 anos ou mais, de todas as classes sociais e regiões do país. A margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%.
Enquanto a percepção de que a pandemia está um pouco mais controlada cresce, o isolamento social atingiu o índice mais baixo desde o começo da pandemia, na medição do Datafolha.
A avaliação do controle da doença varia conforme o apoio da população ao governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que em diversas ocasiões menosprezou a gravidade do problema.
Nesta semana, por exemplo, ele afirmou que "tem alguns idiotas que até hoje ficam em casa", em referência a pessoas que cumprem as medidas de distanciamento social recomendadas por especialistas de todo o mundo.
Entre os que avaliam o governo como ótimo ou bom, 9% acreditam que a situação está totalmente controlada, 61% dizem que está em parte controlada e 27% dizem que está fora de controle. Do outro lado, entre quem considera a gestão ruim ou péssima, 71% afirmam estar fora de controle e 27% dizem estar em parte controlada.
O Datafolha também perguntou à população sobre o medo de ser contaminado pelo Sars-CoV-2, nome do vírus que causa a Covid-19.
Após atingir recorde em março, maior índice desde o começo da pandemia, quando 55% disseram ter muito medo do vírus, essa taxa voltou a cair para 49% em maio. Já 32% responderam que têm algum medo. Somados os dois índices, a taxa de brasileiros que dizem temer contrair a doença chega a 81%.
Por outro lado, voltou a crescer também a proporção dos que disseram não temer o vírus, hoje em 16%. Apesar do aumento, essa taxa ainda está abaixo dos 24% registrados em dezembro, maior índice desde abril do ano passado.
Assim como na avaliação da pandemia, o medo de ser infectado também varia conforme a avaliação que se faz do atual governo --os que o apoiam sentem menos medo que os que o rejeitam.
Essa taxa varia muito também conforme o gênero de quem responde: enquanto 41% dos homens disseram ter muito medo, entre as mulheres esse índice sobre para 57%.
Embora o número de mortes pela Covid-19 tenha caído desde abril, o Brasil ainda é hoje o segundo país onde mais se morre pela doença, atrás apenas da Índia, que vem numa escalada desde março e atingiu a média de 4 mil mortes por dia com o colapso do sistema de saúde.
Apesar da recente queda, no entanto, especialistas apontam que o Brasil pode enfrentar uma terceira onda da Covid-19. Em São Paulo, por exemplo, o número de casos já voltou a subir e a ocupação de leitos de UTI saltou de 79% para 85%.
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