O bebê que foi morto e teve o corpo queimado pela mãe ficou por pelo menos três dias escondido na casa dela e sem comer, em Anápolis, a 55 km de Goiânia, conforme informou a Polícia Civil. O delegado Wllisses Valentim, responsável pelo caso, contou que o recém-nascido foi enrolado em um lençol e trancado em uma dispensa aos fundos da residência dela. Na tarde desta sexta-feira (14), a Justiça decidiu por manter a mãe presa.
Como o nome da investigada não foi divulgado, o G1 não conseguiu localizar a defesa dela.
O crime foi descoberto na última quarta-feira (12), após um pedestre ver um cachorro arrastar o corpo carbonizado por uma rua do Bairro Cerejeiras. Câmeras de segurança flagraram o momento em que a mulher desce do carro com o filho em uma caixa de papelão e entra no lote baldio. Em seguida, ela pega um galão com álcool para atear fogo ao corpo do neném.
Na manhã desta sexta-feira, o pai da criança, de 23 anos, prestou depoimento à Polícia Civil e afirmou ter ido à casa da namorada no fim de semana que antecedeu o crime, mas que não ouviu nenhum choro de bebê. Ele disse ainda que, no domingo (9), saiu com a suspeita e a mãe dela para um almoço de Dia das Mães.
“No sábado, ela enviou uma mensagem ao namorado dizendo que precisava da companhia dele. O bebê estava guardado no quartinho. No domingo, eles foram almoçar em Goiânia e o bebê continuou trancado no local”, disse o delegado.
Em depoimento, o namorado da jovem contou ainda que, ao saber da gravidez, eles decidiram realizar um aborto e que ela mentiu que havia dado certo. Wllisses informou que vai investigar se o rapaz tem envolvimento no crime. Ele não chegou a ser detido.
“Ele disse que foi enganado e que ela não o deixava acompanhá-la nas consultas. Em certo momento, o pai chegou e questionar sobre a barriga, mas ela sempre inventava algo. Disse que estava com infecção e até que demoraria um mês para o feto sair completamente, por isso, estava inchada”, contou o delegado.
Mãe confessou o crime
A mulher de 24 anos afirmou em depoimento que cometeu o crime porque estava com muita vergonha de ter a gravidez descoberta.
"Segundo ela, a mãe é muito doente e até morreria se soubesse que ela estava grávida. Ela estava com muita vergonha de ter sido descoberta, não queria o bebê e queria se desfazer dele", afirmou o delegado.
O investigador relata que a jovem diz ter usado cintas para pressionar a barriga e esconder a gestação. Wllisses completou que ela chorou durante o interrogatório, mas estava convicta em sua decisão em não ter o filho. "Ela estava muito certa do que queria".
Trecho do interrogatório da mulher indica que o bebê, que teria nascido uma semana antes do crime, estava vivo antes de a mãe atear fogo ao corpo dele. “Segundo ela, ele estava com corpo quente quando o colocou na caixa de papelão”, explica Wllisses.
A comprovação só poderá ser feita após o laudo cadavérico feito pelo Instituto Médico Legal (IML), que deve ficar pronto em até 15 dias.
De acordo com a Polícia Civil, a localização da mãe foi feita de forma rápida, entre outros fatores, porque o menino ainda estava com a pulseira usada em hospitais para identificar crianças. A mulher é investigada pelo crime de ocultação de cadáver.
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