Policiais civis da 60ª delegacia de Campos Elísios prenderam em flagrante delito, na tarde de terça-feira (18), uma travesti suspeita de aplicar silicone industrial em pessoas para realizar procedimentos estéticos. Os agentes cumpriam mandado de busca e apreensão na casa de Jorge Carlos Cavalcante da Mata, que tem como nome social Katucha Hayalla, em Cosmos, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, quando encontraram materiais que seriam usados para atendimentos no local.
A suspeita, de 64 anos, já era investigada por uma morte ocorrida em 2018, após uma de suas clientes, que teve a substância aplicada nos glúteos, morrer em menos de um mês após o procedimento. Ela foi presa pela prática de crime de falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais.
No endereço foram encontrados itens normalmente usados para a aplicação do silicone industrial em pessoas. Entre eles estavam seringa com resíduos de material assemelhado ao silicone, tecidos com vestígios aparentando sangue, medicamentos destinados a anestesia com data de fabricação recente. Segundo a polícia, tais itens indicam que eram realizados procedimentos no local.
“Em 2018, ela fez a aplicação em uma mulher, que teve complicações e veio a óbito, após ficar internada em decorrência das complicações do produto. Essa investigação continuou. Ontem fomos fazer busca e apreensão e não foi surpresa, mas achávamos que não teria tanto material”, conta o delegado titular do caso, Evaristo Pontes Magalhães.
Katucha era investigada desde o caso, ocorrido há quatro anos e, com o flagrante, vai responder por outros dois crimes.
“Ela ainda vai responder por exercício ilegal da medicina, ao aplicar anestesia, o que só é permitido a médicos e dentistas, além de ter sido presa em decorrência do flagrante pelo crime de falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais, com pena de 10 a 15 anos”, afirma o delegado.
Segundo a polícia, a suspeita afirmou ter estudado até a 8ª série, o que corrobora a falta de formação médica. A clientela era formada principalmente por mulheres, seguida por travestis. Os procedimentos mais requisitados eram a aplicação do silicone industrial majoritariamente nos glúteos e nas mamas e nas pernas. O material sintético polimetacrilato (PMMA), conhecido como metacril, não é o silicone permitido para procedimentos médicos e pode causar riscos à saúde, como deformidade e infecções.
No celular de Katucha foram encontrados históricos de conversas com clientes. Em uma delas, uma mulher teria pago R$ 4.500,00 pelo procedimento nos glúteos. A polícia vai usar o aparelho para identificar pessoas que fizeram atendimento.
“Com o telefone, onde tem uma série de conversar de pessoas atendidas, vamos levantar e chamar para saber se tiveram alguma complicação. Fico impressionado como as pessoas se deixam levar. Elogiam outras fotos de procedimentos que seriam feitos por ela, dizem que não veem a hora de fazer”, conta Evaristo Pontes Magalhães.
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