De olho em um segmento considerado prioritário, o PT planeja lançar em fevereiro um programa voltado só para evangélicos na TV da legenda no YouTube. A iniciativa será replicada em redes sociais.
A criação do programa faz parte da estratégia da sigla de aprimorar a comunicação do partido e alavancar a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
À Folha a presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (PL) e apoiadores têm presença superior à da sigla nas redes sociais e por isso disse que melhorar a performance é fundamental.
“A gente ainda tem de andar bastante, por mais que tenhamos melhorado, investido, o pessoal da extrema-direita tem uma rede mais capilarizada do que nós”, afirmou.
Como mostrou a Folha, Bolsonaro liderou o IPD (Índice de Popularidade Digital), medido pela consultoria Quaest, durante a maior parte de 2021. Isso mostra a capacidade do presidente de gerar engajamento na internet.
Lula, porém, conseguiu ultrapassar o mandatário em alguns curtos períodos de tempo e terminou 2021 à frente dele em termos de popularidade digital. O petista liderou o IDP a partir de uma série de viagens que fez pela Europa em novembro.
O índice monitora seis indicadores nas redes: fama (número de seguidores), engajamento (comentários e curtidas por postagem), mobilização (compartilhamento das postagens), valência (reações positivas e negativas às postagens), presença (número de redes sociais em que a pessoa está ativa) e interesse (volume de buscas no Google, YouTube e Wikipedia).
Pela estrutura montada hoje no PT, o ex-ministro da Comunicação Social Franklin Martins é o responsável por coordenar a comunicação de Lula. Martins já está fazendo um levantamento a respeito de produtoras para definir qual será contratada pelo partido para elaborar as peças publicitárias do petista.
A direção do partido refuta a ideia de contratar uma figura de marqueteiro, tampouco se refere ao ex-ministro desta forma. Já o ex-deputado Jilmar Tatto (SP), secretário de Comunicação da sigla, fica responsável pelas redes do PT.
Ele explica que cabe ao partido, por exemplo, cobrir os bastidores dos encontros que Lula faz e transmitir eventos e coletivas por meio da TV PT, que é um canal da legenda no YouTube.
Segundo Tatto, a ideia de criar um programa para evangélicos tem a intenção de aproximar o partido desse segmento religioso.
O PT tenta ampliar a vantagem entre evangélicos, que estão divididos entre o ex-presidente Lula e Bolsonaro. De acordo com o Datafolha, 39% dos evangélicos votariam em Lula contra 33% em Bolsonaro.
No segundo turno, há empate técnico: 46% dos religiosos declaram intenção de eleger o petista, enquanto 44% escolheriam Bolsonaro.
“Estamos dando uma atenção especial para os evangélicos por ser um setor que estava conosco e foi embora. Agora estão voltando, então temos uma preocupação grande em relação a esse segmento”, disse Tatto.
“Existe uma forte onda de fake news dizendo que o PT é contra os evangélicos. Às vezes, nós perdemos o debate em relação a isso e não queremos perder o debate mais”, afirmou o petista.
A ideia é fazer um programa de entrevistas e levar nomes do segmento religioso, pastores, autoridades políticas e professores para discutir temas ligados à área, como diversidade religiosa, costumes e economia.
A atração terá meia hora e deve ser lançada em fevereiro, com a inauguração de um andar no prédio que o PT ocupa em Brasília que será dedicado só à comunicação.
“Queremos começar devagarinho para ver se tem fôlego. A ideia vai ser fazer de 15 em 15 dias”, contou Tatto.
Se o programa for bem, o objetivo é aumentar para uma frequência semanal. A ideia é explorar as peças, pegar trechos e frases interessantes e compartilhar pelas redes.
A TV PT já tem outros programas temáticos, como um voltado para mulheres e outro, para o combate ao racismo.
No último Datafolha, Lula apareceu liderando nas intenções de voto. Em uma simulação de segundo turno com o atual mandatário, o petista pontua 59% contra 30% de Bolsonaro.
Como mostrou a Folha, a estratégia do petista será atrair os evangélicos pela base, com o discurso voltado para o dia a dia das pessoas e menos pelos costumes. Já Bolsonaro buscará fidelizar as igrejas pelo relacionamento com seus líderes, o que já tem hoje.
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