Os pequenos negócios são responsáveis por gerar a maior parte dos empregos com carteira assinada do País. Segundo levantamento do Sebrae, com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), a participação deles foi de 70% na oferta de trabalho no primeiro trimestre do ano. Goiás ficou em quarto lugar entre os estados que proporcionalmente mais contratam graças aos empreendimentos menores.
No Estado, foram 48,2 novos postos a cada mil já existentes. Mato Grosso é o que lidera o ranking com 56,1. Números que representam um peso importante do empreendedorismo para a retomada da economia, como lembra o diretor superintendente do Sebrae Goiás, Antônio Carlos de Souza Lima.
“Há evidência forte do caráter empreendedor dos goianos e isso se reflete diretamente no desenvolvimento de empregos. Estamos em meio a uma pandemia e evidentemente há sinais de perda de faturamento por grande parte das empresas, o que ocasiona pessoas tendo que se reinventar”, pontua.
MEI
Quando um pequeno empreendedor formaliza o negócio, a maior parte se encaixa no Microempreendedor Individual (MEI). Dos mais de 618 mil pequenos empreendedores, o Estado possui 413.552 MEIs. A maior parte está concentrada na Região Metropolitana de Goiânia, 45% das inscrições goianas estão na capital e na vizinhança. Entre eles, está a empreendedora Suellen Ramos Gouveia, de 38 anos, que é um exemplo de como esse movimento de formalização pode fortalecer a economia.
Em março, ela abriu uma agência de comunicação e marketing, a Audere Conecta, no sul da capital. Antes disso, trabalhava em uma empresa de eventos e a pandemia de Covid-19 trouxe cenário nada favorável. Juntou a dificuldade com a vontade de ter a própria empresa e formalizou o MEI, que impacta outros pequenos negócios, que atuam em conjunto. Deu certo e com o crescimento do faturamento ela já pensa em contratar funcionários.
O trabalho da agência envolve explorar várias ferramentas de comunicação para ajudar a conexão de marcas, que são os clientes, com o público-alvo delas. O que sozinha ela não conseguiria fazer, por isso formou um time com outros cinco microempreendedores para ter o serviço completo. Agora, para contratar e envolver mais pessoas, até o cadastro da empresa deve mudar de porte, já que o MEI é limitado ao faturamento de até R$81 mil por ano. “Quero trabalhar com empresas do meu porte para mostrar que podem ter assessoria de qualidade e podemos somar para crescer”, diz.
Porém, para fazer esse caminho, ela estudou formatos, conversou com parceiros e teve auxílio de cursos e consultoria. “Historicamente, empreendedores muitas vezes se aventuram e acabam tendo as atividades encerradas. O Sebrae tem grande importância nessa fase de realmente dar apoio e ajudá- lo a crescer e se manter no novo negócio”, destaca Antônio Carlos. Ele explica que a orientação, inclusive para se adaptar às mudanças de cenário e transformações, é ponto cada vez mais importante para começar bem.
Tendências
Pandemia acelerou mudanças e trouxe novas tendências. “Houve uma evolução considerável nos modelos de negócios e cada vez mais um mercado digital está presente na vida tanto dos consumidores quantos dos empreendedores e muito do que se estava acostumado mudou, por isso importância da gestão da empresa e bom planejamento.” É o que tem buscado, por exemplo, a atriz e artesã Renata Caetano, de 47 anos.
Com as limitações causadas pela Covid-19 no mercado, houve a suspensão de seus trabalhos presenciais. Como autônoma, ela teve de fazer da atividade paralela a fonte principal de renda, o artesanato em cabaça com a empresa Nanã Souvenir. Desenvolveu a coleção e vendeu 20 peças rapidamente pela internet, onde teve de aprender a se posicionar para realizar as vendas. “No projeto Delas Sebrae, indicaram que não tinha como movimentar vendas sem estar no Instagram, antes eu não tinha (um perfil na rede social) porque não precisava viver dessa renda.”
Depois da coleção Mulheres Negras Mãe e Filha Vidas Negras Importam, um amigo sugeriu fazer canecas com as estampas e foram mais 300 peças vendidas. “Esse era outro ponto que desconhecia e vi que existe um mundo de pessoas que consomem muito canecas e agora estou nele.” Buscar novas ferramentas e entender as novas formas de consumo para ela foram ações decisivas para a virada do negócio e geração de renda.
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No saldo de aberturas e fechamentos de empresas, de janeiro a abril de 2021, Goiás ficou em oitavo lugar no País, segundo levantamento realizado pelo Sebrae. Foram abertas 41,4 mil novos negócios e houve fechamento de 11,8 mil. O Estado apresenta uma taxa de empreendedorismo de 10%, o que fica um pouco acima da média nacional (9,88%). O superintendente do Sebrae Goiás, Antônio Carlos de Souza Lima, afirma que há movimento considerável de abertura mesmo em meio à crise pela necessidade de reinvenção diante das dificuldades impostas pela pandemia de Covid-19 e na maior parte das vezes o início ocorre como Microempreendedor Individual (MEI). “Formalizado, o empreendedor passa a ser agente com identidade, com benefícios, emissão de nota fiscal e tem acesso a políticas públicas como crédito. Por isso há trabalho de sensibilização.” O crescimento anual da quantidade de MEI segue no Estado de forma semelhante ao incremento registrado no Brasil desde 2011. Em 2020, o aumento foi de 19,4% na quantidade de inscritos em relação ao ano anterior. Em 2021, está em 5,6% superior, conforme dados do Sebrae. A participação goiana no quantitativo de MEI no Brasil é de 3,5%. O perfil predominante de quem tem mais recorrido a este formato de negócio é de jovens entre 31 e 40 anos – 30% do total – e 55% são homens. A maior parte (45%) trabalha em estabelecimento fixo e entre as atividades principais estão comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios (8%) e cabeleireiros (8%).
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