A dona de casa de 46 anos que denunciou ter sido espancada pelo genro ao tentar defender a filha durante uma briga do casal só não morreu porque o neto dela interveio, segundo informou uma das filhas dela, Jhenefer Lorrane Ribeiro dos Santos. A cunhada do suspeito disse ainda que também chegou a ser agredida por ele em outra discussão, quando ele a esfaqueou pelas costas.
“Ele já me bateu, já enfiou faca nas minhas costas, fica rodeando a minha casa. Quando aconteceu com a minha mãe, eu desci para lá e, se não fosse o meu sobrinho, a minha mãe hoje nem estaria viva”, disse a filha.
A família do suspeito disse ao G1 que não vai se posicionar sobre o caso por enquanto.
Elisônia José dos Santos foi agredida na noite do último sábado (22), em Goiânia. Fotos feitas pelos familiares mostram que a dona de casa ficou com o rosto desfigurado. Segundo ela, o genro, de 25 anos, a agrediu com pauladas e socos depois que ela tentou impedir que ele enforcasse a mulher.
“Fui até a casa deles levar uma mochila dos meus netos que havia ficado na minha casa. Chegando lá, encontrei minha filha ajoelhada no chão. Fui tentar ajudá-la e já recebi uma pancada na cabeça e desmaiei. Quando acordei, eu estava toda machucada”, afirmou Elisônia.
De acordo com a família, o casal tinha um histórico de brigas, sendo que essa não foi a primeira vez que o homem agrediu a companheira. A mãe conta ainda que o genro impede que a mulher frequente a casa da família.
“Há quatro anos ela vem sendo agredida dele e escondendo os machucados, fugindo lá de casa. Ele proíbe ela de ir, justamente para a gente não ver. Ela tentou separar. Outra filha minha chegou a alugar barracão, pegar a mobília dela, esconder ela, e ele a achou. Ele ameaça ela de matar a gente e de tomar as filhas, e ela fica com medo e obedece”, disse a mãe.
Após ser agredida, Elisônia procurou a Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam), onde registrou um boletim de ocorrência relatando o que ocorreu. Segundo a família, o suspeito fugiu após as agressões e ainda não foi localizado pela Polícia Civil.
Depois de registrar a denúncia contra o genro, a mulher passou por um exame de corpo de delito, onde, segundo ela, foi constatada uma lesão na cabeça. Por conta disso, ela precisou ser encaminhada ao Hospital de Urgências de Aparecida de Goiânia (Huapa), passou por uma tomografia e foi liberada.
Histórico de brigas
Após sofrer as agressões do genro, Elisônia diz que não se arrepende de ter intervindo na briga do casal. A mãe diz ainda que o suspeito já declarou que não gosta da família.
“Eu não me arrependo, porque, se não, ele vai matá-la, e vai fazer um mal muito grande, porque ele não gosta da gente, não tem jeito. Ele chama a gente de ‘família podre’”, desabafou a sogra.
Jhenefer disse ainda que orienta a irmã a registrar queixa contra o suspeito: “Eu falei para a minha irmã: ‘você tem que parar de ser assim e tem que ficar do lado da sua mãe, porque se não fosse ela, você não estaria nesse mundo’”, disse a irmã.
“Ele ameaça ela, dizendo que ia fazer a chacina da família. É certo um homem desse estar solto?”, questionou Jhenefer.
Investigação
A mulher tem duas filhas com o agressor, uma de 4 e outra de 2 anos, frutos de um relacionamento de cerca de quatro anos. Segundo a Polícia Civil, as testemunhas contaram que as últimas brigas aconteceram na frente das crianças e que o suspeito não se importou em agir com tanta violência na frente das meninas.
A delegada Cássia Sertão, da Delegacia de Atendimento Especializado à Mulher (Deam) disse que é comum que a vítima não registre a denúncia, mesmo após agressões.
“A vítima geralmente tem envolvimento emocional com o agressor e, muitas vezes, ela acredita que ele vai melhorar, dá chances e mais chances. Nesse caso, as testemunhas relatam que trata-se de um homem extremamente manipulador, e que os abusos verbais eram constantes, o que causa a baixa autoestima da vítima”, explicou a delegada.
Após a agressão, o genro fugiu do local. Ele ainda não foi ouvido pela polícia.
“As testemunhas relatam que ela [a esposa] não denunciou anteriormente porque ele a ameaçava constantemente, e nós estamos ouvindo as testemunhas. Se ficar comprovado que, depois desse fato, ele continuar fazendo ameaças, poderemos representar pela prisão preventiva dele e o juiz pode estender as medidas protetivas aos familiares”, disse a investigadora.
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