O pai da bebê de 6 meses que foi levada a um hospital com mais de 30 lesões pelo corpo tinha “ciúme doentio” da mulher até com a filha deles, segundo a delegada Kênia Duarte. Ele foi preso na manhã desta quinta-feira (20), em Anápolis, a 55 km de Goiânia, suspeito de ter causado esses ferimentos na criança. O homem foi detido preventivamente por lesão corporal grave ou gravíssima.
“De acordo com testemunhas próximas, no âmbito familiar doméstico dele, ele já não teria afeição pela criança desde o nascimento, teria uma aversão e tudo isso decorrente de um ciúme doentio que ele sente da esposa. Ele sentiria ciúmes da esposa com a própria filha e isso teria dado início a uma rejeição à criança”, disse a investigadora.
Até a última atualização desta reportagem, o G1 não conseguiu identificar quem representa o investigado para pedir uma posição sobre o caso.
O homem já havia dito, em depoimento à Polícia Civil, que pode ter machucado a filha "sem querer". À época que interrogou o pai, a delegada Kênia Duarte contou que ele acredita que pode ter ferido a criança enquanto estava com ela no colo e se abaixou para pegar um celular ou "ao massagear o tórax dela para reanimá-la” antes de ela ser levada ao hospital.
A mãe também foi ouvida pela delegada, mas o conteúdo do depoimento dela não foi divulgado para não atrapalhar as investigações. A mulher estava acompanhando a internação da filha.
A menina está internada há dez dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol), em Goiânia. Até segunda-feira (17), ela mantinha estado de saúde considerado grave e respirava com ajuda de aparelhos.
Nesta manhã, o hospital informou que a menina tem estado de saúde regular e ela já respira espontaneamente. O G1 solicitou, às 16h10, uma atualização do boletim da bebê e aguarda retorno.
Segundo informações da Polícia Civil, além de ser suspeito de causar as lesões na filha, o pedido de prisão preventiva do pai foi feito porque ele é visto por algumas pessoas que prestaram depoimento como "altamente impulsivo e explosivo, em seu âmbito doméstico, cuja liberdade lhes gera temor".
Atendimento médico
O caso foi registrado na noite de 10 de maio, por volta de 22h30, quando a criança foi atendida na Unidade de Pronto Atendimento Pediátrica (UPA) de Anápolis, cidade onde a família mora. No local, uma médica percebeu mais de 30 hematomas aparentes pelo corpo da menina e suspeitou que ela fosse vítima de maus-tratos, portanto acionou conselheiros tutelares e policiais.
Segundo a enfermeira chefe da UPA, Wanessa Gusmão, a bebê já chegou ao local com dificuldade para respirar. De acordo com a profissional, a criança não respondia às avaliações neurológica, motora e respiratória feitas pela equipe médica.
No mesmo dia, a menina foi transferida da unidade de saúde de Anápolis para o Hugol, em Goiânia.
Conselho Tutelar acompanha caso
O Conselho Tutelar acompanha as investigações da Polícia Civil sobre a suspeita de maus-tratos. Ainda conforme o órgão, não havia nenhuma denúncia anterior relacionada aos pais da bebê.
A conselheira tutelar Lilian Batista de Sousa informou que a mãe já foi ouvida e permanece acompanhando a filha. "No momento, não foi repassado nada que a impeça de acompanhar a filha", disse.
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