A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) anunciou ontem (19) ter obtido a patente para um novo teste voltado para o diagnóstico da covid-19. O exame é capaz de detectar a presença de anticorpos que combatem o novo coronavírus nas amostras de urina dos pacientes.
A pesquisa que levou ao desenvolvimento do teste e comprovou seus resultados satisfatórios integrou o pós-doutorado da bióloga Fernanda Ludolf na Faculdade de Medicina da UFMG e foi realizada em interlocução com outras instâncias da universidade, como o Instituto de Ciências Biológicas e o Hospital das Clínicas. Contou ainda com o reforço de pesquisadores que vêm se debruçando sobre estudos envolvendo a covid-19, como os infectologistas Eduardo Coelho e Vandack Alencar e o virologista Flávio Fonseca.
Segundo Ludolf, foram analisadas 240 amostras de aproximadamente 150 pacientes. A sensibilidade foi de 94%, o que significa que, de cada 100 pessoas que tiveram contato com o novo coronavírus, 94 são identificadas. Também foi obtida uma especificidade de 100%, ou seja, não houve nenhum caso em que o resultado positivo detectou uma doença diferente da covid-19.
"Não estamos detectando o coronavírus em si. Então o que podemos falar a partir desse exame é que o paciente teve contato com o coronavírus e que ocorrreu a conversão imunológica. Ele produziu anticorpo", explica a bióloga. Ou seja, um resultado positivo não significa que a pessoa ainda está infectada, pois seu organismo pode já ter eliminado o invasor.
O teste é baseado no método conhecido como Elisa (Enzyme-Linked Immunosorbent Assay ou, em português, Ensaio de Imunoabsorção por Ligação Enzimática). Ele difere do método RT-PCR, que se vale de um swab nasal para coletar uma amostra de secreção respiratória na qual o novo coronavírus pode ser detectado. Esse é o exame que tem sido mais indicado pelas autoridades sanitárias para avaliar se a infecção está ativa.
O novo teste, por sua vez, é uma alternativa aos exames sorológicos que se valem de amostras de sangue. Eles também são voltados para detectar anticorpos e avaliar a resposta imunológica. O estudo realizou comparativos entre estas duas possibilidades. Segundo Ludolf, os resultados foram similares: usando amostras tanto de urina como de sangue, foi possível identificar a presença de anticorpos antes do período de 20 dias após o início dos primeiros sintomas.
Segundo Ludolf, o novo teste é mais simples, mais barato e menos invasivo do que os exames sorológicos atualmente em uso. Ele não necessita de agulhas e seringas, o que torna seu custo mais baixo, sua coleta mais prática e sua utilização possível mesmo em áreas mais remotas. Além disso, as amostras de urina são de fácil conservação. O exame é também pioneiro no mundo. A pesquisadora explica que a presença de anticorpos na urina é comum em outras doenças, mas ainda havia pouca investigação se essa situação ocorreria com a covid-19.
De acordo com a Coordenadoria de Transferência e Inovação Tecnológica (CTIT) da UFMG, já estão em curso negociações com laboratórios das áreas de saúde e biotecnologia para que a novidade possa ser colocada à disposição da sociedade. Uma vez estabelecida a parceria, o teste precisa ainda ser avaliado e aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
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