O reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Edward Madureira, anunciou que a instituição não tem verba suficiente para se manter após o mês de setembro deste ano. A fala vem após a divulgação da redução orçamentária de R$ 1 bilhão feita pelo Ministério da Educação (MEC) para todas as instituições federais do país. Na UFG, isso significa cerca de R$ 13 milhões a menos da verba disponível no ano passado.
Conforme dados divulgados pela UFG, o custo mensal para a manutenção da instituição é de R$ 7 milhões, com o corte adicional de 18% estabelecido na Lei Orçamentária Anual (LOA) 2021, a universidade perderá três meses de autonomia e poderá terminar o ano com uma dívida de R$ 30 milhões.
Em nota, o MEC diz que não mede esforços para a recomposição ou alívio das reduções orçamentárias. Segundo a pasta, o órgão está promovendo ações junto ao Ministério da Economia para que as dotações sejam desbloqueadas e o orçamento seja disponibilizado em sua totalidade.
O comunicado do MEC explica que há uma previsão para a melhora e pondera que não houve corte no orçamento, mas um bloqueio de dotações orçamentárias para atendimento ao Decreto nº 10.686, de 22 de abril de 2021.
“Na expectativa de uma evolução do cenário fiscal no segundo semestre, essas dotações poderão ser desbloqueadas e executadas”, diz o informe do MEC.
Em 2021, a verba para o orçamento discricionário, que representa manutenção e assistência estudantil, é de R$ 56 milhões. No ano passado, era de R$ 69 milhões. O reitor compara com os números de 2014, quando a UFG recebia R$ 96 milhões, corrigida para 2021, seria de R$ 136 milhões.
Madureira explica como a universidade se adaptou aos cortes dos últimos anos.
“A gente vem deixando de fazer investimentos necessários para que esse impacto não chegue à sala de aula e aos laboratórios, mas acaba chegando. Fomos reduzindo, mas com o orçamento de 2021 não temos a menor condição”, ressalta o reitor.
A UFG tem hoje uma área total de aproximadamente 500 hectares, divididos em quatro campi localizados em Goiânia, Aparecida de Goiânia e cidade de Goiás. São 250 prédios e uma área equivalente a 5 mil campos de futebol.
A entidade estima que a comunidade universitária é composta por mais de 28 mil pessoas, entre estudantes, docentes, técnico-administrativos e trabalhadores terceirizados.
Consequências
O reitor explica caso não ocorra uma evolução, uma paralisação acontecerá ‘de fora para dentro’, isso significa, por exemplo, que uma concessionária de energia pode parar o atendimento à instituição. “Nós não vamos começar a diminuir aulas e fechar laboratórios e funcionar de forma parcial, vamos continuar a todo vapor, mas para isso vamos atrasar pagamentos de fornecedores, quando chegar a um limite, eles podem interromper o serviço”, indica.
O Diretório Central dos Estudantes da UFG (DCE-UFG) teme essa paralisação e acredita que os estudantes de baixa renda serão os mais afetados. “São estudantes advindos de outros Estados do país que correm o risco de deixar a universidade por não conseguirem se manter. Tememos que as universidades públicas voltem a ser um espaço elitista e retrocedamos sem a entrada dos filhos e filhas da classe trabalhadora", diz Letícia Scalabrini, coordenadora geral do diretório.
A reitoria da UFG estima que cerca de 5 mil estudantes poderão ser ainda mais afetados após a redução no orçamento. Edward expõe que a universidade já ajustou o valor de bolsas de assistência, para não diminuir o número de alunos beneficiados. No entanto, ele teme a evasão desses estudantes.
“A gente teme que alguns precisem abandonar o estudo para gerar renda para a família”, lamenta o reitor.
O reitor reforça o quanto as universidades estão sendo importantes no enfrentamento da pandemia: “Estamos fazendo testes para Covid-19, testando a comunidade universitária, o hospital está atendendo, laboratório pesquisando o vírus e suas variações e agora tudo isso está ameaçado”.
Articulações
Para buscar possíveis soluções para a redução, de acordo com Edward, a UFG tem articulado, com todas as outras universidades federais, junto ao Congresso Nacional e ao MEC para fazer um projeto de lei para recomposição do orçamento. As entidades argumentam que pelo menos a verba do ano passado seja repetida, ou seja, que R$ 1 bilhão retorne.
O DCE da UFG diz que convoca assembleias, debates e faz pressão nas redes sociais. Eles contam também que buscam apoio parlamentar e enviaram carta aberta aos deputados federais e senadores que representam Goiás.
Mín. 21° Máx. 34°
Mín. 21° Máx. 31°
ChuvaMín. 20° Máx. 29°
Chuva