A Polícia Civil de Goiás cumpriu, nesta terça-feira (15), 12 mandados de busca e apreensão, durante a Operação Terra Fraca, que apura desvio de recursos públicos da Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra), antiga Agetop.
Os crimes teriam sido praticados entre os anos de 2013 e 2018, trazendo prejuízo estimado em R$ 46 milhões aos cofres públicos. As diligências foram realizadas pela Delegacia Estadual de Combate à Corrupção (Deccor), em Goiânia e em Palmas, no Tocantins.
A investigação durou mais de um ano e foi iniciada após troca de informações com o Ministério Público de Goiás (MP-GO). Segundo a apuração, o esquema criminoso contava com o envolvimento de empresas privadas, ex-servidores e do núcleo político que gerenciava os contratos do órgão. Os desvios teriam sido realizados por meio do superfaturamento na obra da GO-230, que liga Água Fria a Mimoso de Goiás.
“Eram duas empresas. Uma que venceu a licitação e a outra que foi subcontratada de forma ilegal, para executar a obra. Esse núcleo político garantia os pagamentos das medições realizadas e o núcleo financeiro girava esse dinheiro do grupo, de forma a transparecer um caráter lícito, configurando lavagem de dinheiro. É como se você licitasse uma casa e construísse um prédio. Nesse caso, aplicado a uma rodovia”, explicou o delegado Luiz Gonzaga Junior, adjunto da Deccor.
A rodovia não chegou a ser finalizada e teve os trabalhos retomados neste ano de 2021. “O contrato celebrado foi anulado pela atual direção da Goinfra, que já concluiu o prejuízo calculado na ordem de R$ 46 milhões. Hoje passou por um novo processo, uma nova empresa assumiu, se não me engano a empresa que ficou em terceiro lugar na licitação. Ela continua a obra”, informou. Durante as buscas, os policiais apreenderam a quantia de R$ 135 mil, em espécie, e mais 3.800 dólares.
O secretário de Estado da Segurança Pública, Rodney Miranda, lembrou que o grupo criminoso investigado seria também responsável pelo rombo financeiro encontrado pela atual gestão do Governo de Goiás. “Conheço bem o histórico desse pessoal e tenho consciência da quantidade de recursos que foi tirada do Estado, haja vista que Goiás está até hoje em condição financeira difícil. Um Estado rico não poderia estar nessa condição e poderia dar mais assistência à sua população. Passando a limpo, como está sendo feito, vamos primeiro recuperar boa parte desses recursos e segundo, permitir que um novo momento aconteça no Estado”, pontuou.
Para o delegado-geral da Polícia Civil, Alexandre Lourenço, a nova operação da Deccor demonstra que o crime de corrupção havia se instalado nas esferas públicas, algo que está agora sendo combatido pelas forças policiais. “Uma obra que devia ter sido concluída em 2013. Nós estamos no ano de 2021 e agora sim terminando essa obra. É mais um reflexo de aparelhamento do órgão público estatal, com a finalidade exclusiva, de expropriação do patrimônio público, que é o dinheiro que deveria ser investido em obras e ainda mais utilidades para a sociedade”, ressaltou.
Os suspeitos e empresas respondem pelos crimes de peculato, organização criminosa, superfaturamento de obra e lavagem de capitais. “Iremos proceder a fase de análise dos objetos apreendidos. Nós não temos um prazo definido para a conclusão do inquérito, mas tão logo seja concluída essa análise, remeteremos ao Poder Judiciário”, concluiu o delegado Luiz Gonzaga Junior.
Nota Goinfra
A propósito das investigações da Operação Terra Fraca, desencadeada pela Delegacia de Combate à Corrupção (Deccor) da Polícia Civil de Goiás, a Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra) informa o que se segue:
– A investigação apura desvio de recursos públicos da antiga Agetop (Agência Goiana de Transportes e Obras), entre os anos de 2013 e 2018.
– A atual gestão da agência está à disposição das autoridades policiais para colaborar com a investigação.
Goiânia, 15 de junho de 2021.
Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra)
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