O governador Ronaldo Caiado apresentou, nesta quarta-feira (26), as ações de enfrentamento da estiagem nas bacias hidrográficas dos Rio Meia Ponte, na Grande Goiânia, e do Ribeirão Piancó, no município de Anápolis. As medidas definem regras para o fornecimento de água e tem o objetivo de evitar qualquer tipo de racionamento. “O decreto de segurança hídrica é para que solicitemos a toda população que, por favor, tenham consciência na utilização da água”, disse ele.
“Teremos uma estiagem de pelo menos cinco meses, o que aumenta nossa responsabilidade”, afirmou o governador. “Corta no coração ver pessoas com a mangueira aberta, jogando água na calçada ou ao lavar o carro. São os cuidados nos quais pedimos a participação da população”, continuou, ao enumerar diversas ações do Estado voltadas para o uso racional e preservação de rios e suas nascentes. “Combatemos duramente o desperdício e nossos rios estão sendo cuidados para que eles possam respirar. O Meia Ponte, por exemplo, era um rio que não sobrevivia mais. Estava pedindo pelo amor de Deus”, ressaltou.
No decreto, a captação de água no Alto Rio Meia Ponte, em Goiânia, e no Ribeirão Piancó, em Anápolis, tem prioridade para o consumo humano e a hidratação de animais. Neste último há um levantamento dos reservatórios e poços artesianos existentes, bem como identificação das pessoas que utilizam água destes rios. “Ninguém quer impedir as pessoas que produzem, mas sim buscar o momento de uso da água que seja compatível para que não haja sobrecarga durante um período único”, explicou Caiado.
O uso das bacias pode ficar restrito para atividade agropecuária, industrial, comercial, de lazer e outros usos. “O importante é o compromisso de se criar nos 246 municípios uma cultura de fazendas e áreas de produção de água, bem como nascentes e cabeceiras. É um trabalho que tem sido intenso por parte da Saneago, Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável”, argumentou o governador.
Desde o início da gestão, o governo implementa ações que preparam Goiás para os períodos de estiagem. A titular da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), Andréa Vulcanis, explica que, a exemplo das ações de 2019 e 2020, a Pasta elevará o diálogo com os usuários por meio do sistema de monitoramento telemétrico das vazões captadas. A medida vai permitir uma análise profunda da vazão dos afluentes e servirá como termômetro para adoção de iniciativas mais restritivas. O decreto passa a vigorar até o fim do período de seca.
Vulcanis alerta que o cenário deste ano é pior que 2020, mas é um quadro dentro da média dos últimos oito anos, em termos de disponibilidade de lençol freático. “Mas estamos com o plano pronto e, do ponto de vista de organização de toda estrutura e gestão, absolutamente preparados para o decreto”, disse a secretária. “Todos nossos parceiros nas bacias já estão mobilizados, além de 70 motobombas monitoradas eletronicamente, o que significa que os dados chegam na Semad em tempo real, o que é uma novidade. Isso vai permitir o monitoramento de 80% do consumo de água da bacia”, afirmou.
Ações em eixos
O plano de ações foi dividido em três eixos principais. O primeiro, sob responsabilidade da Semad, fará a gestão da crise, definindo critérios de restrição de outorga, captação e suspensão do abastecimento. Também cabe à Secretaria de Meio Ambiente o monitoramento telemétrico e a comunicação com a sociedade sobre o cumprimento de medidas. “O uso inteligente e consciente da água é uma responsabilidade social de todos nós”, destacou a secretária Andréa Vulcani. Os usuários da bacia já têm isso de forma consiste e agora a população das cidades precisa ser avisada. O decreto estabelece parceria entre várias secretarias”, completou.
O segundo eixo, sob comando da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) tem a função de implementar medidas de apoio aos agricultores, para que façam o uso e manejo da água de forma racional. “As chuvas têm se mantido fortes, escassas e ela escoa mais do que infiltra. Esta dificuldade de infiltração é que temos que evitar”, explica o gerente de Agricultura Irrigada, Vitor Hugo Antunes, representante do titular da Seapa, Tiago Freitas de Mendonça. Também cabe à pasta orientar os produtores rurais na execução de ações de recuperação de pastagens degradadas nas bacias, conservação de solos e ações de estímulo à produção sustentável.
O terceiro eixo traz as ações realizadas pela Saneago, que incluem a redução das perdas físicas de água na rede de distribuição, apoio às medições telemétricas feitas em pontos de captação de água e o apoio a implementação de mecanismos hidráulicos em barragens. Além de campanhas de educação e conscientização da população para economia de água.
“Goiás é o estado com a menor média de perdas de água do País. Estamos cerca de 10% abaixo da média”, pontuou Ricardo Soavinski. De acordo com o presidente da companhia, em 2019 esse índice era 29,18% e já está em 27,96%, contra 38% da média nacional. Goiânia, que estava sempre entre a primeira e segunda capitais em perda, passou a ser a menor de todas. “Isso é muito importante. É uma água tratada, na época de seca, escassa, que estava sendo perdida”, frisou Soavinski.
O trabalho de apoio à recuperação de nascentes e mata ciliar também está no escopo de atuação da Saneago, com participação de vários parceiros. “O decreto também traz o desafio de adquirir e apoiar municípios e outras entidades com 300 km de cercamento. Essa aquisição está licitada e com contrato assinado e já estamos apoiando as primeiras propriedades”, alegou o presidente da Saneago.
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